Total de visualizações de página

sábado, 5 de março de 2011

Morre, aos 102 anos, o anjo de Hamburgo


O que falar de uma mulher que arriscou a própria vida para salvar desconhecidos? Pelas mãos de Aracy Moebius de Carvalho Guimarães Rosa sobreviveram certamente mais de cem judeus que foram perseguidos pelo 3.º Reich de Adolf Hitler. Uma delas, Maria Margareth Bertel Levy, aos 102 anos, teve o privilégio de conviver com Aracy no Brasil até o último dia 21, quando faleceu aos 102 anos.
Margareth era como se fosse da família, pois só tinha Aracy e o filho dela como conhecidos e a quem poderia recorrer (o marido já havia falecido e os parentes morreram ainda durante a Segunda Guerra Mundial). Aracy estava tão ligada a Margareth que coincidentemente foi hospitalizada, também aos 102 anos, no dia seguinte à morte dela. Foi uma luta travada nos últimos cinco anos para sobreviver ao Alzheimer. Na madrugada da última quinta-feira, porém, por falência múltipla dos órgãos, a amiga de Margareth também partiu.

As duas moravam no mesmo bairro em São Paulo e eram assistidas pelo único filho de Aracy, Eduardo Carvalho Teff, 81 anos. “Elas tinham uma ligação espiritual muito forte. Nos tornamos a família desta senhora aqui no Brasil e minha mãe tinha um apego muito grande a ela. Pode ser coincidência [a morte das duas em data tão próximas], mas também um mistério da vida”, afirma.

Foi em Hamburgo, na Alemanha, que as amigas se encontraram. Margareth foi buscar ajuda no consulado brasileiro, onde Aracy trabalhava como secretária no setor de vistos, para tentar fugir: o marido ficou escondido em casa. Aracy não só conseguiu o visto aos dois para embarcar ao Brasil como também usou o carro com placa diplo­­mática para levá-los ao porto. A despedida foi nas escadas do navio e o reencontro aconteceu no Brasil, alguns anos depois.

Da mesma maneira, Aracy conseguiu embarcar outros vários judeus ao Brasil. Uma determinação do Itamaraty, imposta pelo então presidente Getúlio Vargas, durante o Estado Novo, proibia os judeus de entrar no país a partir de 1937. Sabendo disso, Aracy, como secretária, levava documentos para o diplomata assinar e no meio colocava os vistos de pessoas que pediram ajuda a ela. Os vistos saiam sem o J de judeu, o que ajudou bastante. Alguns ficavam escondidos na casa dela até o momento de sair do país, porque eles eram perseguidos também nas ruas.

Grande amor

Aracy teve a chance não apenas de salvar vidas no consulado, como também de encontrar seu grande amor. Foi lá que ela conheceu o seu segundo marido, o escritor João Guimarães Rosa, que dedicou a ela uma de suas obras mais famosas: Grande Sertão: Veredas. Ele era cônsul-adjunto do consulado brasileiro em Hamburgo. Ambos eram desquitados e começaram uma nova vida juntos.

“Esta paranaense de Rio Negro praticou o bem em condições extremamente desfavoráveis. Foram tantas as pessoas que ela permitiu viver que digo que ela tem um ato de humanismo incomparável”, afirma o presidente da B’nai B’rith, Leon Knopfholz. No ano passado a B’nai B’rith, entidade judaica, criou o prêmio “O anjo de Ham­burgo”, em homenagem a Aracy. São reconhecidas as pessoas que se dispõem a lutar contra o racismo das mais diversas maneiras. Ela também teve seu nome inscrito no Jardim dos “Justos entre as Nações” do Museu do Holo­causto de Israel.

“Minha mãe foi, na verdade, historicamente a expressão dos direitos humanos”, diz Teff. Além de salvar judeus, Aracy também deu asilo, no Brasil, ao compositor Geraldo Vandré, em 1968, quando ele foi perseguido pelos militares durante a ditadura.

Ela deixou quatro netos e oito bisnetos. Sua vida, ainda tão pesquisada, deve virar tema de um filme e de um livro biográfico, sem data para sair.

...


Poucos paranaenses sabem que foi em Rio Negro que nasceu uma das maiores – se não a maior – heroínas do estado. É verdade que ela sempre foi muito discreta, por isso só recentemente tem recebido cada vez mais homenagens, mesmo que a memória atualmente não lhe ajude mais. Aracy Moebius de Carvalho Guimarães Rosa, 102 anos, é a única mulher reconhecida até por Israel por ter arriscado a própria vida salvando centenas de judeus. Por causa do mal de Alzheimer, ela não se lembra mais de grande parte do que aconteceu. O que ela fez, contudo, é impossível de se apagar na história. Se a vida de Aracy fosse melhor documentada, quem sabe um dia historiadores poderiam dar a ela a biografia que merece.

Ela é de Rio Negro, Sul do Para­ná, por nascimento, mas ainda criança foi morar com os pais em São Paulo. A mãe era alemã e o pai, português. Aracy se casou em 1930 com o alemão Johan von Tess, mas cinco anos depois a relação acabou em desquite. Para a época, um escândalo. Não lhe sobrou alternativas a não ser ir morar em Hamburgo, na Alemanha, com uma tia. Levou debaixo dos braços o filho de então 6 anos. “Eu era pequeno demais. Tudo o que sei é narrado por outras pessoas”, afirma o filho Eduardo Carvalho Teff.

Foi em Hamburgo que Aracy conheceu um dos maiores escritores da literatura brasileira, João Guimarães Rosa. Ele trabalhava como cônsul-adjunto do Con­sulado Brasileiro em Hamburgo, Alemanha. Para o mesmo consulado, ela foi selecionada (coincidentemente) ao cargo de secretária e responsável pelos vistos brasileiros. Foi lá que os dois começaram a namorar (ambos haviam deixado o primeiro casamento de lado). Apesar de Aracy ser conhecida por muitos como a mulher de Guimarães Rosa, ela foi muito mais do que isso.
Injustiças

O III Reich de Adolf Hitler começou a perseguir duramente os judeus na Alemanha e, no Brasil, uma determinação do Itamaraty – imposta pelo então presidente Getúlio Vargas durante o Estado Novo – proibia os judeus de entrar no país a partir daquela data (1937). A ordem de Vargas era baseada nos ideais de Hitler e Mussolini. “Minha mãe era totalmente contrária ao nazismo e, vendo a situação dos judeus, começou a ajudá-los. Tentou salvar todos os que lhe procuraram, além de vizinhos e amigos. Não sabemos exatamente quantos foram, mas passam de cem”, diz Teff. Alguns ainda vivem em São Paulo e são eternamente gratos a Aracy.

Foi o cargo ocupado no consulado que ajudou esta mulher a salvar vidas. No meio de diversos outros documentos encaminhados ao cônsul para assinaturas, iam pedidos de visto dos judeus para o Brasil – seria uma das únicas maneiras de fugir das perseguições nazistas. “O cônsul assinava sem perceber do que se tratava e o documento era expedido sem o J de judeu, o que ajudou bastante”, explica Teff. Após a emissão dos documentos, Aracy ainda precisava ajudar os judeus no embarque, pois eles eram perseguidos duramente pelas ruas. Então ela usava o carro do consulado, com a placa diplomática. “Ela acolhia alguns deles na própria residência até a hora do embarque. Subia no navio e só saía quando os visitantes eram solicitados a se retirar porque o navio iria partir. Como no Brasil não havia um filtro de quem chegava, todos conseguiram passar”, afirma o historiador Anthony Leahy, do Instituo Memória.

Guimarães Rosa sabia do esquema e aceitou ficar quieto, mas disse diversas vezes à mulher que ela acabaria sendo descoberta. Algumas vezes Aracy foi presa por estar carregando alimentos dentro do carro (que seriam levados aos judeus que estavam escondidos), mas ela logo conseguia se liberar quando apresentava a carteira de funcionária consular. Ela agiu em prol dos judeus de 1938 a 1939.

Reconhecimento

Além de receber a homenagem do Museu do Holocausto em Israel, ela é considerada o Anjo de Hamburgo, prêmio da ONG B’nai B’rith (instituição judaica). “Ela me inspirou para construir a seguinte frase: para que os maus triunfem, basta que os bons não façam nada”, afirma Leahy.

Em 1941, no auge da guerra, o filho de Aracy voltou para o Brasil com a avó. Um ano depois, o Brasil rompeu relações com os países do Eixo, entre eles Ale­manha, e os diplomatas brasileiros de Hamburgo ficaram presos em um hotel chamado Banden-Baden. Passado o susto e a fome, Aracy e Guimarães Rosa decidiram voltar ao Brasil. Logo que chegaram foram ao México para se casar. “Era uma resposta à sociedade que os via ainda como desquitados”, diz Teff. O casal foi viver no Rio de Janeiro.
Viúva

Com a morte de Guimarães, Aracy teve ainda de encontrar forças para superar a perda do marido e outra ditadura, que implantou o Ato Institucional N.º 5 (AI 5) e restringiu a liberdade dos brasileiros (principalmente intelectuais) em 1968. A tia do cantor e compositor Geraldo Vandré era amiga de Aracy e pediu a ela asilo, porque ele estava sendo procurado pelos militares. “Além de Vandré, Aracy ajudou outras pessoas que estavam sendo perseguidas, desta vez no Brasil”, explica o historiador Leahy.

Somente nos últimos sete anos é que Aracy voltou a viver em São Paulo, agora na companhia do filho.

No final da década de 70 e início de 80 – não se sabe exatamente em que ano – Aracy foi convidada a visitar uma sinagoga no Rio de Janeiro e, para sua surpresa, quando entrou no local, muitos judeus se ajoelharam aos seus pés e começaram a beijá-los. Foi esta a primeira vez que ela teria se reencontrado com algumas das pessoas que ela conseguiu salvar.

Adorei


Clinique apresenta um fantástico produto três-em-um que fará as delícias de todas as mulheres que não gostam de usar base (ou que usam mas também gostariam de uma alternativa mais leve): Moisture Surge Tinted Moisturizer SPF 15, um extraordinário produto multifacetado que hidrata a pele a curto e a longo prazo, dá cor e protege graças ao seu SPF 15.


Com uma fórmula leve mas emoliente em gel-creme, este hidratante com cor proporciona apenas a cobertura necessária para criar uma pele de aspecto uniforme e perfeito. A sua textura suave funde-se sem esforço com a pele, deixando-a fresca e hidratada. Moisture Surge Tinted Moisturizer SPF 15 proporciona uma cor que dura todo o dia, hidrata de imediato e reforça a importante função de barreira, devolvendo o equilíbrio até à pele mais seca e delicada. Perfeito para as mulheres que não gostam de usar base (ou que gostam de exibir um aspecto igualmente cuidado ao fim-de-semana), Moisture Surge Sheer Tint Moisturizer SPF 15 é apropriado a todos os tipos de pele.


Eis como funciona:
• Um cocktail de ingredientes actua em conjunto para acalmar a pele ao mesmo tempo que proporciona uma hidratação intensa.
• Água de Aloé Barbadenisis, presente na fórmula do icónico creme-gel Moisture Surge, proporciona uma hidratação intensa a partir do momento em que é aplicada na pele.
• Uma combinação equilibrada de ingredientes, entre os quais pigmentos tratados e agentes formadores de película, actuam em conjunto para proporcionarem uma cor de longa duração que se mantém inalterável durante um período de até 12 horas.
• O seu SPF 15 proporciona protecção solar através de uma combinação de filtros físicos e químicos.


Conselho: Aplique Moisture Surge Tinted Moisturizer SPF 15 imediatamente a seguir ao Sistema dos 3-Passos, com a ajuda de um pincel de base. Esbata para atenuar de imediato a aparência de linhas e rugas.


Moisture Surge Tinted Moisturizer SPF 15 estará disponível em quarto tons (Ivory, Neutral, Beige e Golden) a partir de Março de 2010.


Alergicamente Testado. 100% Sem Perfume. Dermatologicamente Testado. Oftalmologicamente Testado. Sem Óleo. Não Acnegénico.


Preço (valor aproximado): €33,05

Fontes no site